quarta-feira, 16 de maio de 2007

PARQUE DA JUVENTUDE - 21 e 22 de Abril

Um novo desafio

A partir de um conto de Vinícius de Moraes construir texto e encenação, que fossem desprovidos de barreiras etárias, para o teatro de rua, conhecido por todos mas nunca executado pela maioria dos integrantes da Cia. Dos Ditos Cujos. Estava lançado o desafio.

Usando como referência a nossa própria infância, esquecida lá atrás, começava a ser trilhada essa nova experiência.

Em nossos primeiros ensaios, buscamos a construção dos corpos (personagens) e partituras físicas que contariam essa estória. A partir de um intenso treinamento em diferentes técnicas, como a máscara neutra de Jacques Lecoq, os pressupostos das “ações básicas de esforço” propostos por Rodolf Laban, e as referências de Etienne Decroux, escalas corporais, partituras de movimento, mímica subjetiva, figuras de estilo, contrapesos e andares, propúnhamos à direção possíveis narrativas físicas, que posteriormente eram afinadas em prol da coerência entre corpo e texto, texto esse criado ao mesmo tempo que o espetáculo, por meio de diversos estímulos captados e filtrados por nossa imaginação e criatividade.

Exaustivos ensaios para a conclusão da peça se seguiram. Cada componente do grupo trabalhando em seu limite. Dessa forma, muitas vezes os nervos estiveram à flor da pele e os ânimos se esquentaram. Contudo, esse tipo de experiência foi necessária para o reconhecimento grupal, a afinação dos discursos e o compartilhar de um trabalho bem feito, rico em detalhes.

A rua, via pública para a circulação urbana de pessoas que passeiam ou trabalham, espaço com interferência constante de sons e imagens. Ser mais uma interferência nesse espaço de forma que saibamos aproveitar as outras interferências ao nosso redor e à nosso favor foi, e ainda é, um grande desafio. Desafio tão grande e excitante quanto mudar a rotina das vidas que por essas ruas caminham, fazendo com que se desconectem do frenesi do dia-a-dia e se deleitem frente à um espetáculo teatral. “Ir aonde está o público”. Acho essa frase clichê, mas é a forma que encontramos para atingirmos novas camadas sociais. Saber aproveitar essa transição, esse vai e vem de pessoas, nos dá a possibilidade de colocarmos em contato o TEATRO e cidadãos de todas as idades, que por diversos motivos, financeiros, culturais, dentre outros, muitas vezes nunca tiveram a oportunidade de dialogar com um evento artístico.

Vale a pena relatar brevemente uma das que foi a mais significativa e marcante de todas as apresentações realizadas. Trata-se de uma das apresentações que aconteceram no Parque da Juventude.

“Não vai dar”... Pelo menos era o que eu imaginava quando vi o tempo fechando, a semana tinha sido chuvosa e o pior, o horário das chuvas coincidiam com o horário das apresentações.

As simpatias para Santa Clara e orações para São Pedro, não foram suficiente para conter as lágrimas que escorreram pontualmente as 16:00 horas.

Com o céu aos prantos, algumas pessoas se foram com o vento e outras ficaram.

Confesso que a chuva tinha me brochado, que pensei em não apresentar, mas lembrando dos olhares que nos esperavam, chamamos o “Anjo” e fomos. Apresentamos embaixo de uma marquise, onde algumas pessoas nos esperavam. O mais incrível foi a forma que o jogo ocorreu, em um espaço cênico bem menor que o de costume. Ficamos grudados junto ao público, nos reorganizamos para que tudo acontecesse da melhor forma, e aconteceu: nunca compartilhamos nossa arte de forma tão dilatada e jamais sentimos tão de perto o contato com aqueles para quem nosso fazer se destina.

Um público receptivo que comprou a fábula apresentada, deixando-se permear por seus conflitos, por suas reflexões... Muitas vezes apresentavam-se aflitos frente aos acontecimentos mostrados, outras radiantes frente à história da qual participavam também. Crianças e adultos compartilhavam de um mesmo prazer.

Percebi que não importa a idade, mas sim, se permitir viver o que é proposto. Uma linguagem poética que chega sorrateiramente e te toma pelos sentidos, de forma que a palavra torna-se desnecessária para o entendimento. Entendimento?

Uns mais, outros menos, mas todos saborearam da mesma fonte.

Fábio Hirata, ator da Cia. Dos Ditos Cujos


terça-feira, 15 de maio de 2007

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