segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Em Busca de Um Teatro Sem Fronteiras Etárias


A Cia dos Ditos Cujos forma-se a partir da união de jovens artistas preocupados com uma mesma questão: será possível a existência de um teatro destituído de fronteiras etárias? Ou seja, é possível formar-se a platéia de um espetáculo compondo-a de espectadores de diferentes idades e bagagens de vida, que compreendam o mundo por meio de seus sentidos aguçados pela celebração cênica à qual estão inseridos?
A arte desconhece classificações etárias. Seria preconceito, como nos lembra o teórico alemão Walter Benjamin, entendermos as crianças como seres tão diferentes dos adultos, dotados de existência tão incomensurável à nossa. Um artista, quando dá forma artística a uma intuição ou percepção, é incapaz de controlar o modo como será decodificada, comunica seu discurso a pessoas de idades diferentes, que consequentemente são tocadas de formas diferentes, sob o aspecto que mais lhe fala de perto. Quanto mais sentidos uma obra de arte possibilita, mais plena ela é. Classificar um espetáculo por faixas etárias significa limitar sua compreensão, e a arte desconhece limites de significação.
Ampliando essa discussão para além do campo teatral, nosso trabalho encontra sua essência na integração entre diferentes linguagens artísticas, como as artes plásticas e a música. Ele parte da não-formulação de um discurso didático e da não-preocupação com faixas etárias, mas da essência da arte e do ser humano, com seus sonhos e contradições. Dessa forma, a Cia dos Ditos Cujos inicia seu caminho. Traçado sobre o solo da poesia, e que hoje se revela por meio do compartilhar o espetáculo Amor que é de Mentira ou Mentira que é de Amor?.